Meridiano 8 Galiza|Portugal
Nem sempre nem todo o mundo entendeu e vivenciou a fronteira entre Portugal e a Galiza como uma cicatriz. A palavra permeabilidade talvez seja a que melhor adjetive a realidade ao longo da história apesar da ação de todos os aparelhos estamentais durante séculos.
A elevada mobilidade diária de pessoas entre a Galiza e Portugal por motivos laborais, de negócios, turísticos e até espirituais, a locomobilidade empresarial Além Minho, as entidades e estruturas políticas e administrativas como a Euro Região Galiza-Norte de Portugal, o Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, as Euro Cidades Chaves-Verim, Tui-Valença, Cerveira-Tominho e Monção-Salvaterra, o Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriço Rio Minho que agrupa 26 concelhos e 376,000 habitantes, as setenta geminações de cidades ou a Universidade sem Fronteiras (UNISF) nascida da parceria entre as 6 universidades públicas da Euro Região Gz|Pt, são exemplos nítidos do desvanecimento da fronteira e do reestabelecimento da continuidade.
No Meridiano 8 Galiza | Portugal tentaremos dar algumas respostas mas sobretudo levantar questões sobre o continuum galego|português e iremos desvendando espaços comuns nem sempre re-conhecidos.
Entretanto, o passado mais ou menos recente está aí, cheio de episódios reveladores dessa permeabilidade; eis alguns dos que nos ocuparemos:
a influência dos galegos na moldagem da paisagem do Douro Vinhateiro, classificada património mundial pela UNESCO; a resposta galega e portuguesa à invasão napoleónica; os casos de Assis Pacheco, Rodrigues Migueis, Luís de Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queirós escritores portugueses descendentes de galegos; o Cambedo da Raia e a solidariedade galego|portuguesa; os casos de sucesso de empresários, comerciantes, empreendedores galegos em Portugal como Agapito Serra e o bairro Estrela d’Ouro de Lisboa, Jerónimo Martins e o Pingo Doce ou o magnata do petróleo Manuel Cordo Boulhosa; a relevância da comunidade galega em Lisboa, os ofícios e atividades que a caracterizaram e o Santo Amaro, padroeiro dos galegos na cidade; a literatura galega contemporânea inspirada em Portugal e a literatura portuguesa inspirada na Galiza; a presença e influência de José Afonso na Galiza; os exílios a norte e sul do Minho; a admiração pela Galiza da intelectualidade e os artistas portugueses e a admiração por Portugal da intelectualidade e os artistas galegos; o arquétipo galego em Portugal; o Couto Misto; os grupos musicais portugueses no Xabarin Club da TVG; os endemismos na botânica e na zoologia; o 25 de abril na Galiza; os inúmeros Encontros, Jornadas, Congressos, Simpósios, Foros, Colóquios, Campeonatos, Salões, Festivais, Feiras, Prémios, Torneios e Troféus, Convívios, Ciclos… galego|portugueses; a raia e a fronteira; o contrabando; o bacalhau pelo Natal; galegos e portugueses no comando do Santa Liberdade; a lírica medieval; os conflitos medievais entre Braga e Compostela; o Tratado de Fronteiras de 1834; o Congresso Operário Galego-Português de 1901; os galegos que acompanharam Magalhães na primeira volta ao mundo; o galego João da Nova, alcaide de Lisboa e explorador ao serviço de Manuel I de Portugal; a presença de Portugal e a Galiza nas revista Nós e Seara Nova respetivamente; o fadista Francisco Perez Andión; a cantora Madalena Iglesias; Galegos, vindes errados! e os vilancicos de galegos em Portugal; a carta de Daniel R. Castelao e Ramón Suárez Picalho ao ditador Oliveira Salazar; os organeiros galegos em Portugal; Inês de Castro, Wimara Peres, o Conde Andeiro, Fernão Peres de Trava, Nuno Freire de Andrade...; músicas, músicos e o folclore comuns; Manuel Rodrigues Lapa e a unidade da língua; Ernesto Guerra da Cal, portugalego; “Os galegos são nossos irmãos”; eucaliptos e incêndios: presente também comum; o Minho que nos une; o Lanço da Cruz; a Virgem da Peneda; os galegos de Bordallo Pinheiro; os pedreiros galegos no Minho; as coproduções cinematográficas da RTP e a TVG; o debute internacional da seleção galega de futebol em 1923 contra uma seleção lisboeta; a Xuventude de Galicia-Centro Galego de Lisboa desde 1908; os galegos fugidos da Guerra Civil para Portugal; a Capra pyrenaica lusitanica; o domínio dos ciclistas galegos na Volta a Portugal...
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